Referência:
Mateus 26.26-46; 27.11-54
INTRODUÇÃO
1. O maior drama da história
A paixão de Cristo é
o maior drama da história. Ultrapassa em dramaticidade e em conseqüência a
qualquer grande evento da humanidade. Desse drama depende a sua salvação.
2. Toda a Bíblia aponta para esse drama
A paixão de Cristo é
o centro da Bíblia e da história. As profecias apontaram para este drama. Dele
falaram os patriarcas e os profetas. Os grandes eventos da história e os
grandes ritos da fé judaica apontavam para o sacrifício de Cristo.
João Batista
sintetizou essa verdade, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo” (Jo 1:29).
3. O drama da redenção pode ser contemplado em
quatro partes
O drama da redenção pode ter quatro palcos distintos:
O Cenáculo, o
Getsêmani, o Pretório e o Calvário.
O drama da redenção é representado:
Pela Ceia, pela
Agonia, pelo Julgamento; pela Crucificação.
I.
O DRAMA DO CENÁCULO – Mt 26:26-30
1.
As últimas lições para seus discípulos
Jesus se reúne com seus discípulos no Cenáculo para
passar-lhes suas últimas lições:
a) Ele ensina a eles
a humildade, lavando-lhes os pés.
b) Ele lhes dá um novo mandamento: amar uns aos outros como ele os amou.
c) Ele lhes consola
falando da vinda do Espírito Santo e da sua segunda vinda.
d) Ele ora por eles.
e) Ele aponta Judas
como o traidor.
f) Ele alerta a
Pedro: “Jamais cantará o galo antes que me negues três vezes”.
2.
A instituição da Ceia
Jesus pegou um pão,
abençoou-o, quebrou-o em pedaços e passou-os aos discípulos.
Três verdades se destacam aqui:
a) A centralidade da sua morte (Mt 26:26,27)
– O pão simboliza o
corpo de Cristo pregado na cruz e o cálice representa seu sangue derramado na
cruz. Jesus ordena seus discípulos: “Fazei isto em memória de mim”.
Esse é o único ato
comemorativo autorizado por ele, não dramatiza seu nascimento nem sua vida, nem
suas palavras nem suas obras, mas somente sua morte.
Era por sua morte
que ele desejava ser lembrado e não por seus milagres. A morte de Cristo ocupa
lugar central no cristianismo. Não há
cristianismo sem cruz.
b) O propósito da sua morte (Mt 26:28)
– Pelo derramamento
do sangue de Cristo Deus estava tomando a iniciativa de estabelecer uma nova
aliança com o seu povo, na qual uma das maiores promessas era o perdão dos
pecadores.
Cristo vai morrer a
fim de levar o seu povo a um novo relacionamento de aliança com Deus.
c) A aplicação da sua morte (Mt 26:26,27)
– Precisamos nos
apropriar pessoalmente da sua morte. Precisamos comer e beber.
Assim como não era
suficiente que o pão fosse quebrado e o vinho derramado, mas que tinham de
comer e beber, da mesma forma não era suficiente que ele morresse, mas eles
tinham de se apropriar pessoalmente dos benefícios da sua morte. Não é o
cordeiro, nem o sangue do cordeiro, mas o sangue do cordeiro aplicado que nos
salva.
II.
O DRAMA DO GETSÊMANI – Mt 26:36-46
1.
O drama da tristeza – v. 37,38
Jesus começou a
entristecer-se (v. 37); confessou aos discípulos sua tristeza (v. 38); clamou
ao Pai para se possível passar dele aquele cálice?
Por que Cristo está
triste? Que cálice era esse que Jesus pediu ao Pai para passar dele?
a) Era porque sabia
que Judas estava liderando a turba assassina que viria prendê-lo?
b) Era porque estava
dolorosamente consciente que Pedro o negaria?
c) Era porque sabia
que o Sinédrio o consideraria réu de morte?
d) Era porque sabia
que Pilatos o entregaria e o sentenciaria à morte?
e) Era porque sabia
que seria escarnecido pela multidão e seria pregado na cruz como um malfeitor?
f) Era porque sabia
que seus discípulos o abandonariam?
Não! Esse cálice não simbolizava nem a dor física de
ser açoitado e crucificado, nem a aflição mental de ser desprezado e rejeitado
até mesmo por seu próprio povo; antes, a agonia espiritual de levar os pecados
do mundo, de suportar o juízo divino que esses pecados mereciam.
Foi desse contato
com o pecado humano que sua alma sem pecado recuava. Da experiência de
alienação de seu Pai que o juízo sobre o pecado trazia, que ele se afastou
horrorizado.
Jesus começou cada
oração: “se possível passe de mim esse cálice” e terminou cada oração, dizendo:
“Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”.
Não foi possível
passar o cálice de Jesus. O propósito de Deus em salvar o pecador incluía
necessariamente a morte do seu Filho. Dessa oração ele emergiu confiante: “Não
beberei, porventura, o cálice que o meu Pai me deu?” (Jo 18:11).
Essa tristeza de Jesus pode ser descrita de quatro
formas:
a) Aspecto temporal – A hora de beber o cálice da ira de
Deus havia chegado. Para isso ele havia vindo ao mundo.
b) Aspecto físico – O sofrimento, a humilhação, as cusparadas, os
açoites, a cruz.
c) Aspecto moral – O Filho de Deus seria cuspido pelos homens e
crucificado como um criminoso.
d) Aspecto espiritual – A tristeza de Cristo é porque ele
estava se fazendo pecado, maldição, sendo desamparado pelo Pai.
2.
O drama da solidão – v. 39
Muita gente já havia
abandonado a Cristo. Seus discípulos o iam abandonar agora. Mas, em breve, o
próprio Pai vai desampará-lo. Muita coisa Jesus disse à multidão. Quando falou
do traidor, foi apenas para os 12. E únicamente para 3 desses disse: “A minha
alma está profundamente triste”. E por fim, quando começou a suar sangue,
estava completamente sozinho.
3.
O drama da oração
A oração de Jesus
foi marcada por:
1) Humilhação – Ele, o Deus eterno, está de joelhos, com o rosto
em terra, prostrado.
2)
Intensidade –
A luta era tão intensa que ele começou a suar sangue. Ele agonizou em oração.
3) Perseverança – Ele orou 3 vezes e progressivamente.
4) Submissão – Ele se rendeu à vontade do Pai. Ele se rendeu ao
plano do Pai.
Não havia outro caminho para salvar-nos a não
ser que ele bebesse o cálice amargo da ira de Deus contra o pecado.
Ele aceitou ser
traspassado pelas nossas transgressões.
4.
O drama da rendição
Jesus veio para dar
sua vida. Ele veio para morrer. Ele veio como Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo. Ele veio como nosso fiador e representante. Ele veio para se
fazer pecado e maldição por nós. Ele veio para ser a propiciação pelos nossos
pecados. Ele veio nos reconciliar com Deus. Pelo seu sangue ele nos remiu, nos
lavou e nos reconciliou com Deus.
Não havia outro
meio. Não havia outro método. Foi preciso que ele bebesse o cálice e ele se
rendeu!
III.
O DRAMA DO PRETÓRIO DE PILATOS – Mt 27:11-26
1.
O drama da acusação contra Cristo
a) Acusado de sedição política (v. 37)
– Os judeus por
inveja colocaram Cristo contra o Estado, contra Roma, contra César. Acusaram-no
de ser “o rei dos judeus”.
Grafaram essa
acusação do topo da sua cruz em língua hebraica, grega e latina.
b) Acusado de blasfêmia (v. 40b)
– Os judeus
julgaram-no digno de morte quando se apresentou como o Filho de Deus. Os
membros do Sinédrio disseram: “Blasfemou”. Depois acusaram-no de impostor (v.
40) e embusteiro (v. 43).
2.
O drama do governador Pilatos
Quatro vezes Pilatos reconheceu a inocência de
Cristo: quando o recebeu,
depois que Herodes o devolveu, depois de ser açoitado e ainda pela advertência
da sua mulher.
Pilatos sabia que os
judeus haviam entregue a Cristo por inveja.
Pilatos tenta fugir da sua responsabilidade por 4
formas evasivas:
a) Transferir a responsabilidade – Enviou Jesus a Herodes.
b) Tentou meias-medidas – “Portanto, depois de o castigar,
soltá-lo-ei” (Lc 23:16,22).
c) Tentou fazer a coisa certa da maneira errada – Soltar a Jesus pela escolha da
multidão. A multidão preferiu Barrabás.
d) Tentou protestar sua inocência – Lavou as mãos, dizendo: “Estou
inocente do sangue deste justo” (v. 24). Pilatos entregou Jesus para ser
crucificado.
Três expressões da narrativa de Lucas iluminam o
que Pilatos fez:
1) “o seu clamor prevaleceu”, “Pilatos decidiu atender-lhes o
pedido”, e “quanto a Jesus, entregou à vontade deles” (Lc 23: 23-25). O clamor
deles, o pedido deles, a vontade deles. Ele deseja soltar a Jesus, mas também
desejava contentar a multidão (Mc 15:15).
A multidão venceu! Por
quê? Porque lhe disseram: “Se soltas a este, não és amigo de César; todo aquele
que se faz rei é contra César” (Jo 19:12). A escolha era entre honra e ambição,
entre o princípio e a conveniência. Sua consciência afogou-se nas altas vozes
da racionalização. Ele fez concessões por ser covarde.
Do pretório de
Pilatos Jesus saiu ensangüentado, condenado, carregando uma pesado cruz pelas
ruas apinhadas de Jerusalém sob o escárnio da multidão e a tortura dos
soldados.
IV.
O DRAMA DO CALVÁRIO – Mt 27:33-54
1.
Quem levou Jesus à cruz
A morte de Cristo
foi o mais horrendo crime. Gentios e judeus, os líderes religiosos e os
políticos mancomunaram-se com o povo para o condenar.
Pedro denuncia as
autoridades judaicas no Pentecostes: “Vós crucificastes o autor da Vida. Vós
com mãos iníquas o matastes”.
Mas, também a morte
de Cristo foi a mais alta expressão de amor. Cristo não foi à cruz porque os
judeus o entregaram por inveja, porque Judas o traiu por ganância, porque
Pilatos o condenou por covardia, porque os soldados o pregaram na cruz por
crueldade. Foi o Pai quem entregou Jesus por amor (Jo 3:16; Rm 5:8).
Mas Cristo não foi à
cruz como um mártir. Cristo não foi arrastado à cruz. Ele deu a sua vida. Ele
foi para a cruz como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele foi
como um rei caminha para a sua coroação. Ele morreu pelos nossos pecados.
2.
O que Cristo suportou na cruz?
a) Ele suportou a agonia do sofrimento: dor, sede, desprezo, zombaria.
b) Ele suportou as trevas: Douglas Wesbter disse que “No
nascimento do Filho de Deus houve luz à meia-noite; na morte do Filho de Deus,
houve trevas ao meio-dia”.
c) Ele suportou a zombaria dos homens: Eles disseram: “desça da cruz”, “ah
salvou os outros, a si mesmo não pode salvar”. “Oh tu que destróis o santuário
e em três dias o reedificas, desça da cruz e creremos em ti”.
d) Ele suportou o desamparo de Deus – O universo inteiro se contorceu de
dores. O sol escondeu o seu rosto. As trevas inundaram a terra. As pedras se
arrebentaram nos vales e Jesus gritou do alto da cruz: “Deus meu, Deus meu, por
que me desamparaste?”
e) Ele suportou o peso dos nossos pecados – Ele levou sobre o corpo no madeiro os
nossos pecados. Deus fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi
moído e traspassado pelas nossas iniquidades. Ele se fez pecado por nós. Não
havia beleza nele. Ele foi feito maldição.
3.
O que Cristo conquistou na cruz
a) Ele conquistou a redenção para o seu povo – Ele disse: “Está consumado”. A dívida
foi paga. A justiça foi satisfeita. Agora o seu povo está quites com a lei.
Agora já nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus.
b) Ele conquistou livre acesso à presença de Deus – O véu do santuário rasgou de alto a
baixo (v. 51). Agora todos somos sacerdotes. Ele abriu um novo e vivo caminho
para Deus.
c) Ele conquistou a vitória sobre a morte – Quando ele morreu, os mortos
ressuscitaram. Ele entrou nas entranhas da morte, arrancou seu aguilhão, tirou
o seu poder e venceu a morte, ressuscitando dentre os mortos.
CONCLUSÃO
O drama da redenção
reforça-nos três verdades e implicações profundas:
1.
O nosso pecado é extremamente horrível
Nada revela a
gravidade do pecado como a cruz. O que enviou Cristo a cruz não foi a ambição
de Judas, nem a inveja dos sacerdotes, nem covardia vacilante de Pilatos, mas
os nossos pecados. Ele morreu pelos nossos pecados. É impossível encararmos a
cruz sem sentirmos vergonha de nós mesmos. Eu estava lá. Você estava lá. Não
apenas como um espectador, mas como um assassino. Nós levamos Cristo a cruz.
Não havia uma outra
forma de Deus perdoar os nossos pecados a não ser que o Filho de Deus fosse
morto na cruz.
2.
O amor de Deus é incompreensível
Deus poderia nos
abandonar à nossa própria sorte. Ele seria justo se todos nós fôssemos
condenados, visto que o salário do pecado é a morte. Mas ele não nos abandonou.
Ele nos amou e veio nos buscar. Ele estava em Cristo reconciliando-nos com ele.
Ele não apenas nos amou, mas nos amou graciosamente e graça é amor aos que não
merecem.
3.
Aquele que rejeita a oferta da graça só lhe resta uma horrível expectativa de
juízo
A salvação é Deus. É
gratuita. É pela fé. É para você. É urgente. É para hoje. Se hoje você ouvir a
voz de Deus não endureça o seu coração. Hoje é o dia oportuno. Hoje é o dia da
salvação. Venha a Cristo agora mesmo. Ele chama: Vinde a mim. Ele agora abre os
braços, e diz: Vem. O céu o espera. O pai o aguarda. A noiva diz: Vem. O
Espírito diz: vem!
Deus vos abençoe,
Pr. Paulo Tomé
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Que Jesus vos ilumine e o Espírito Santo de Deus lhe dê sabedoria!