terça-feira, 10 de novembro de 2015

[Tema] - As Bênçãos Singulares do Evangelho de Cristo



Texto: Marcos 2.13-28

INTRODUÇÃO
 
1. Jesus atraía as multidões – v. 13

-Jesus foi o homem mais amável que já pisou no mundo.

-Sua personalidade, ensino e obras sempre atraíram as pessoas.

-Onde ele estava sempre havia a esperança de um novo começo.

-Em Jesus as pessoas encontravam alívio para seus fardos, cura para suas enfermidades e perdão para seus pecados.

2. Jesus atraía a oposição – v. 6,16,18,24;3:6

-A verdade sempre incomoda a mentira e a luz sempre denuncia as trevas.

-Na mesma proporção que Jesus atraía a multidão, despertava a inveja dos escribas e fariseus. A oposição a Jesus tornou-se progressiva:


-Em primeiro lugar, os escribas arrazoavam em seu coração (2:6). Era uma oposição velada, silenciosa e íntima.
-Em segundo lugar, os escribas perguntam aos discípulos de Jesus (2:16). Agora, eles falam, mas não com Jesus. Eles destilam suas críticas de forma indireta.
-Em terceiro lugar, os fariseus perguntam diretamente a Jesus (2:18). A pergunta deles era uma censura e uma denúncia enrustida.

- A intenção deles não era aprender, mas acusar.

- Eles sempre vinham com perguntas de algibeira para apanhar Jesus no contrapé.
-Em quarto lugar, os fariseus advertem a Jesus (2:24). A oposição torna-se explícita, ganhando um contorno denso de uma crítica aberta.

-Agora o inimigo põe as unhas de fora e destila todo o seu veneno contra Jesus.
Em quinto lugar, os fariseus se unem aos herodianos para tramarem a morte de Jesus (3:6). Veja a progressão dessa oposição: de um pensamento íntimo de censura caminharam para uma pergunta indireta.

- Desta a uma pergunta pessoal e daí a uma censura verbal. Agora, se mancomunam com os herodianos a quem consideravam indignos, para tramarem a morte de Cristo.


Nesse contexto de ensino à multidão e pressão da oposição dos escribas e fariseus, Jesus nos fala sobre as bênçãos singulares do evangelho.

I. O EVANGELHO ABRE AS PORTAS DO REINO PARA OS REJEITADOS – v. 14

-Jesus chamou Levi, filho de Alfeu, para ser discípulo (1:14).

- Este Levi trabalhava em uma coletoria e era um publicano (Lc 5:27). Também era chamado de Mateus (Mt 9:9).
-Esses coletores de impostos ganharam a fama de inimigos e traidores do povo, pois além de estarem a serviço de Roma, também extorquiam o povo, cobrando mais do que o estipulado, enriquecendo-se, assim, de forma desonesta.

- Desta forma passaram a ser odiados pelo povo. Um judeu que aceitasse tal ofício era expulso da sinagoga e envergonhado pela família e amigos.

-Um fariseu que se tornasse coletor era execrado e sua esposa podia divorciar-se dele.

- Um coletor de impostos era visto como alguém que amava mais o dinheiro que a reputação. Certamente Mateus era um homem odiado por seus contemporâneos.
-Cafarnaum era uma cidade aduaneira, uma ponte entre a Europa e a África.

-Cafarnaum era a sede da secretaria da fazenda na rota entre Damasco ao nordeste e o Mar Mediterrâneo no oeste. Estes postos de alfândega cobravam impostos não apenas nas fronteiras, mas também na entrada e saída de povoados, nas encruzilhadas e nas pontes.

-Produtos não declarados podiam ser confiscados pelo publicano.

-Esses cobradores eram tidos como ladrões e assaltantes por definição.
Diante desses fatos, o chamado de Jesus a Levi nos ensina algumas verdades:

1. Jesus chama soberanamente – v. 14a

-Jesus chamou um homem execrado publicamente e não deu nenhuma explicação a ele nem ao povo.

- Jesus tem autoridade para chamar quem ele quer para  o seu serviço. Sem o divino chamado ninguém pode ser eficiente naquilo que se é feito, pois jamais nos tornaremos para Deus a menos que ele nos chame por sua graça.
-Embora não possamos afirmar com segurança que Mateus tenham sido um homem desonesto, há fortes indícios de que tenham sido escravo da avareza, pois havia vendido seu patriotismo com o propósito de ganhar dinheiro.

-Ele chama a quem quer e isso, soberanamente (3:13). Não somos nós quem escolhemos a Cristo, foi ele quem nos escolheu (Jo 15:16). -Não fomos nós quem o achamos, mas ele quem nos buscou. Nós o amamos, porque ele nos amou primeiro.

2. Jesus chama eficazmente – v. 14b

-Quando Cristo chama, ele chama eficazmente (Rm 8:30).

-Jesus disse que as suas ovelhas ouvem a sua voz e o seguem (Jo 10:27).

-Levi atendeu pronta e imediatamente o chamado de Jesus. Ele não argumentou nem adiou sua decisão. Sua obediência decisiva e imediata é solenemente registrada.

- Lucas 5:28 diz que ele deixou tudo. O chamado de Cristo foi irresistível. O mesmo que chama é aquele que muda as disposições íntimas da alma. Ele não apenas chama, mas atrai com cordas de amor.
-Mateus deixou a coletoria imediatamente e seguiu a Jesus. Essa resposta pronta ao chamamento do Senhor foi um grande milagre e libertação. Ele deixou sua profissão e o lucro e queimou todas as pontes do seu passado.

-Ele trocou o lucro fácil pela consciência limpa, as glórias do mundo pelas riquezas do Reino de Deus.
-O chamado de Mateus deve nos encorajar a esperar a salvação daqueles que julgamos mais difíceis.

-O mesmo Jesus que chama quebra as cadeias e abre os corações. O vento do Espírito sopra aonde quer.

- O tempo dos milagres ainda não passou. Ele continua chamando pecadores a si!

3. Jesus chama graciosamente – v. 15,16

-Levi deu um grande banquete a Jesus e convidou numerosos publicanos e pecadores para a estarem com ele em sua casa (Lc 5:29,30).

- Levi abriu não só o coração para Jesus mas também sua casa.

-Os escribas e fariseus, verdadeiros espiões de plantão, consideravam pecadores aqueles que quebravam tanto a lei moral de Deus e aqueles que infligiam as inumeráveis regras e preceitos da interpretação farisaica da santa lei de Deus.

-Assim eram considerados pecadores tanto os que cometiam adultério como aqueles que comiam sem lavar as mãos.

-Aos olhos dos fariseus, todos os que não eram fariseus eram “pecadores”. Eles disseram aos guardas que foram prender a Jesus: “Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita” (Jo 7:49).
-Levi ao mesmo que celebra a festa da sua salvação, abre sua casa para que seus pares conheçam também a Jesus e sejam salvos.

-Ele transformou seu lar num grande instrumento de evangelização.

-Ele queria que os seus colegas de profissão e os pecadores também se tornassem seguidores do Senhor Jesus.
-Os escribas, mediante uma pergunta aos discípulos de Jesus, censuram-no por comer com os publicanos e pecadores (2:16).

- A religião deles era a religião do apartheid. Eles se consideravam justos e dos demais como pecadores, indignos do amor de Deus.

II. O EVANGELHO ABRE AS PORTAS DA SALVAÇÃO PARA OS QUE SE CONSIDERAM PECADORES – v. 17

O evangelista Marcos diz: “Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (2:17).

1. O que Jesus não quis dizer?

-Esta figura usada por Jesus tem sido interpretada de forma equivocada por alguns. Vejamos, então, o que Jesus não quis dizer:


-Em primeiro lugar, Jesus não quis dizer que há alguns que são sãos e justos aos olhos de Deus.

- A Bíblia é clara em afirmar que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3:23). -Aqueles que se consideram sãos e justos estão em um estado mais avançado da sua doença e iniqüidade.

-O pior enfermo é aquele que não reconhece sua doença e o maior pecador é aquele que não se vê como tal.


-Em segundo lugar, Jesus não quis dizer que estes não necessitam do Salvador.

-Os escribas e fariseus se consideram sãos e bons aos olhos de Deus, mas na verdade, eles estavam tão necessitados quanto os publicanos de salvação.

- Não importa quão alta é a avaliação que temos de nós mesmos. Somos totalmente carentes da graça de Deus.



-Em terceiro lugar, Jesus não quis dizer que seu amor pelos pecadores implica em falta de amor com os justos.

- A lógica de Jesus é: se ele encarna a vontade divina de ajudar até as pessoas totalmente condenáveis, então ele tem ajuda para todos.

2. O que Jesus quis dizer

-A figura usada por Jesus tem uma mensagem clara:


-Em primeiro lugar, só os que se reconhecem doentes e pecadores têm consciência da necessidade da salvação.

-Só uma pessoa doente procura o médico.

-Só uma pessoa consciente do seu pecado busca salvação. Não há fé sem arrependimento nem salvação sem conversão.

-Ninguém busca água sem sentir sede nem anseia pelo pão da vida sem fome.

- Uma pessoa antes de vir a Cristo, precisa primeiro sentir-se carente da graça de Deus.

-A salvação não é para aqueles que se consideram dignos, mas aqueles que são indignos e estão em situação desesperadora.

- Jesus veio para salvar os pecadores, perdidos, pobres, sofredores, famintos e sedentos (Mt 5:6; 11:28-30; 22:9,10; Lc 14:21-23; 19:10; Jo 7:37-38).

- Jesus não veio ao mundo apenas para ser um legislador, um mestre ou rei. Ele veio como o médico da nossa alma e o nosso redentor.

- Ele nos conhece, nos ama, nos cura, nos perdoa e nos salva.


-Em segundo lugar, só os que se humilham podem ser salvos.

-A atitude dos escribas e fariseus era de soberba e altivez.

- Eles se consideram bons e justos.

-Eles olhavam com desdém os publicanos e pecadores e se vangloriavam diante de Deus por suas virtudes (Lc 18:11).

- Mas, a única pessoa pela qual Jesus nada faz é aquela que se julga tão boa que não necessita de que ninguém a ajude.

- Essa pessoa levanta uma barreira entre ela e Jesus e assim fecha a porta do céu com suas próprias mãos.
-Warren Wiersbe diz que há três tipos de pacientes que Jesus não pode curar de suas doenças: 1) aqueles que não o conhecem; 2) aqueles que o conhecem, mas se recusam a confiar nele e 3) aqueles que não admitem que necessitam dele.

III. O EVANGELHO ABRE AS PORTAS PARA UMA VIDA DE JUBILOSA CELEBRAÇÃO – v. 18-20

-
A religião judaica havia transformado a vida num fardo pesado e os ritos sagrados em instrumentos de tristeza e opressão.

-Os discípulos de João e os fariseus ficaram escandalizados com o estilo de vida dos discípulos de Jesus.

-Os fariseus jejuavam para mostrar sua piedade, os discípulos de João para mostrar sua tristeza pelo pecado.

-A palavra aramaica para “jejuar” tem o sentido de “estar de luto”.

-Os judeus quando jejuavam e ficavam tristes tinham a intenção de conseguir algo de Deus: “Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso?” (Is 58:3).
-Os fariseus e discípulos de João perguntaram a Jesus num tom de provocação e censura:
-Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. (2:18-20)


Esse episódio nos ensina duas lições importantes:

1. A religião pode se transformar num fardo pesado em vez de ser um instrumento libertador – v. 18,19

-O jejum é uma prática bíblica legítima.

- Havia um único jejum anual exigido na lei, o dia da expiação (Lv 16:29-34; Jr 36:6).

-Nesse dia o povo afligia a sua alma e sentia profunda tristeza.

- Os escribas e fariseus, entretanto, acrescentaram à lei de Deus a tradição dos homens e impuseram outras práticas de jejum.

- Um fariseu jejua duas vezes por semana (Lc 18:12).

- Eles jejuavam para serem vistos pelos homens e atraírem a atenção de Deus.

- Eles faziam do jejum o palco de um teatro onde apresentavam o show de uma piedade que devia encantar a Deus e impressionar os homens.
-É bom destacar que Jesus não estava contra o jejum.

-Ele mesmo jejuou quarenta dias e ratificou o jejum voluntário (Mt 9:15).

-Moisés jejuou quarenta dias no Horebe. Patriarcas, profetas, reis e sacerdotes jejuaram.

- Deus ordenou o jejum como um importante exercício devocional.

-Jesus e os apóstolos jejuaram. A igreja de Deus ao longo dos séculos tem jejuado.

-Mas Jesus denunciou um jejum dos hipócritas que desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam (Mt 6: 16).

- O jejum dos escribas e fariseus era um ritual para a sua própria exibição e não a expressão do sentimento do coração.

2. A vida que Jesus oferece é como uma festa de efusiva alegria – v. 19

-A vida cristã é como uma festa de casamento e não como um funeral.

-A festa de casamento é uma celebração de alegria e não de tristeza. -A piedade farisaica era medida pela tristeza do jejum, a piedade cristã manifesta-se na alegria da presença do noivo com a igreja.

-As bodas de casamento era a semana mais feliz da vida de um homem.

-Para essa semana de felicidade, os convidados especiais eram os amigos do noivo e da noiva, chamados de os filhos da câmara nupcial.

-Os convidados às festas de bodas estavam dispensados da obrigação de jejuar.

-Jesus compara os seus discípulos como os convidados para esta festa das bodas.

-Jesus veio para nos trazer vida abundante (Jo 10:10).

-A vida cristã deve ser a fruição de uma alegria inexplicável e cheia de glória.

-A vida cristã é como um casamento com Cristo. Estamos comprometidos com ele.

-O casamento judaico tinha quatro estágios: 1) o noivado; 2) a preparação; 3) a chegada do noivo; 4) as bodas.
Quando alguém era convidado para uma festa de casamento era motivo de uma alegria desmedida que ofuscava tudo o mais. -Professores da lei interrompiam seu estudo da Torá, inimigos se reconciliavam, mendigos e quem mais aparecesse podia comer de graça.

-Rufavam tambores, nozes eram jogadas aos convivas, a procissão dançava diante da noiva e louvava sua beleza.
-A igreja não é apenas o grupo dos amigos do noivo, a igreja é a própria noiva (Is 54:5; Jr 31:32; Ap 19:7,8).

-Hoje celebramos a alegria da salvação, mas um dia entraremos na Casa do Pai, na glória celeste, e então, essa festa onde não vai entrar choro nunca vai acabar.

- Estaremos para sempre com ele.
-Essa nova ordem trazida por Jesus deixa para trás o legalismo fariseu e inaugura um novo tempo de liberdade e vida plena.

- A vida que Jesus oferece está trazendo alegria para o triste, cura para o enfermo, libertação para o endemoninhado, purificação para o leproso, pão para o faminto e salvação para o perdido.

IV. O EVANGELHO ABRE AS PORTAS PARA UMA VIDA RADICALMENTE NOVA – v. 21-22

-Jesus usou três figuras em sua conversa com os fariseus.

-A primeira figura já tratamos: a figura do doente e do médico.



 Agora, vamos examinar as outras duas:



-A figura do remendo novo em tecido velho e do vinho novo em odres velhos.

- Quais são as lições que essas figuras nos ensinam?

1. A vida cristã não é um remendo ou reforma do que está velho, mas algo totalmente novo – v. 21

-Um remendo novo num pano velho abre uma fissura ainda maior.

-O cristianismo não é uma reforma do judaísmo nem um remendo das práticas judaicas.

-A vida cristã não é apenas um verniz, uma caiação de uma estrutura rota, mas uma nova vida, algo radicalmente novo.

- Na época de Lutero não era possível remendar os abusos doutrinários da igreja romana. Era necessário iniciar uma volta ao cristianismo primitivo.

- Na época de John Wesley o tempo de pôr remendo à Igreja Angligana havia passado.
-O vestido velho é o velho sistema da lei e os velhos costumes do povo judeu.

- A salvação que Cristo oferece são as vestes alvas e a justiça de Cristo são o linho finíssimo.

-Em Cristo todas as coisas são feitas novas (2 Co 5:17).

-A vida cristã não é uma mistura do velho com o novo. É algo completamente novo.

-O evangelho transforma e liberta. O evangelho é a palavra de vida;

-O judaísmo com seus preceitos legalístas é letra morta.

- O evangelho liberta, o legalismo mata; o evangelho salva, o legalismo faz perecer.

2. A vida cristã não pode ser acondicionada numa estrutura velha e arcaica – v. 22

-Na Palestina o vinho era guardado em odres de couro.

-Quando esses odres eram novos possuíam uma certa elasticidade, mas à medida que iam envelhecendo ficavam endurecidos e perdiam a elasticidade.

-O vinho novo ainda está em processo de fermentação. Isso significa que os gases liberados aumentam a pressão. Se o coro é novo, cederá à pressão, mas se é velho e sem elasticidade, é possível que se rompa e se perca tanto o vinho como o odre.

-O vinho do cristianismo não pode ser acondicionado nos odres velhos do judaísmo.
-O cristianismo requer novos métodos e novas estruturas.

- Não podemos ter o coração duro como os odres ressecados pelo tempo.

-Precisamos manter nosso coração aberto à mensagem transformadora do evangelho.

V. O EVANGELHO ABRE AS PORTAS DA LIBERDADE PARA OS PRISIONEIROS DO LEGALISMO – v. 23-28

-
O sábado judaico tinha se transformado num carrasco do homem.

-Ele era um fardo insuportável em vez de um elemento terapêutico.

-Ele era um fim em si mesmo em vez de ser um instrumento de bênção para o homem.

-Por essa causa, os fariseus ao verem os discípulos de Jesus colhendo e comendo espigadas nas searas em dia de sábado, debulhando-as com as mãos (2:23; Lc 6:1), advertiram a Jesus nesses termos: “Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados?”
Esse incidente oportunizou Jesus de ensinar várias lições importantes:

1. Os discípulos não estavam fazendo algo proibido – v. 23,24

-
A prática de colher espigas nas searas para comer estava rigorosamente de conformidade com a lei de Moisés (Dt 23:24-25).

-Mas os escribas e fariseus estavam escondendo a verdadeira lei de Deus debaixo da montanha de tradições tolas que eles tinham fabricado.

-Eles tinham acrescentado à lei trinta e nove regras sobre a maneira de guardar do sábado, tornando a sua observância num fator escravizante e opressor.

-Segundo as estritas normas dos fariseus os discípulos haviam quebrado a lei do sábado e isso era um pecado mortal.

2. O conhecimento da Palavra é o meio de nos livrarmos do legalismo – v. 25,26

-Jesus cita a Escritura para os fariseus e mostra como Davi quebrou a lei cerimonial comendo com seus homens os pães da proposição só permitidos aos sacerdotes (1 Sm 21:1-6).

-Só os sacerdotes podiam comer esse pão da proposição (Lv 24:9), mas a necessidade humana prevaleceu sobre a lei cerimonial.

- Warren Wiersbe, analisando esse episódio na perspectiva de Mateus afirma que Jesus usou três argumentos para defender os seus discípulos:

-O que Davi fez (Mt 12:3-4), o que os sacerdotes fizeram (Mt 12:5-6) e o que o profeta Oséias diz (Mt 12:7-9).
-William Hendriksen diz que se Davi tinha o direito de ignorar as previsões cerimoniais, divinamente ordenadas, quando a necessidade exigia, não teria Jesus, o Filho de Deus, num sentido muito mais evidente, o direito, sob as mesmas condições de necessidade, de deixar de lado os regulamentos sabáticos não autorizados, feitos pelo homem?
-O pão da proposição nunca foi tão sagrado como quando foi utilizado para alimentar um grupo de homens famintos.

-O sacerdote entendeu que a necessidade dos homens é mais importante do que os regulamentos cerimoniais.

-O dia do descanso nunca é tão sagrado como quando é usado para prestar ajuda aos necessitados.

-O árbitro final como respeito ao ritos sagrados não é o legalismo, mas o amor.

3. O homem vale mais do que os ritos sagrados – v. 27

-John Charles Ryle diz que Deus fez o sábado para Adão no paraíso e o renovou para Israel no Monte Sinai.

-Ele foi feito para toda a humanidade e não apenas para o povo judeu. Ele foi feito para o benefício e felicidade do homem.

-O sábado foi feito para o bem físico, mental e espiritual do homem.

-Ele foi dado como uma bênção e não como um fardo. Esse foi o propósito com que o sábado foi criado por Deus.
-Deus não criou o homem por causa do sábado, mas o sábado por causa do homem. O homem não foi criado por Deus para ser vítima e escravo do sábado, mas o sábado foi criado para que a vida do homem fosse mais plena e feliz.

-Na verdade o sábado foi instituído para ser uma bênção para o homem: para mantê-lo saudável, útil, alegre e santo, dando-lhe condições de meditar calmamente nas obras do seu criador, podendo deleitar-se em Deus (Is 58:13,14) e olhar adiante, com grande expectativa, para o “repouso que resta para o povo de Deus” (Hb 4:9).
-Jesus está dizendo com isso que a religião cristã não consiste de regras. As pessoas são mais importantes do que o sistema.

-A melhor maneira de adorar a Deus é ajudando as pessoas.

-A melhor maneira de fazer uso das coisas sagradas é pondo-as a serviço dos que padecem necessidade. Esse é o único modo autêntico de dá-las a Deus.

4. O Senhorio de Cristo traz liberdade e não escravidão – v. 28

-
Jesus é o Senhor do sábado.

-Seu senhorio não é escravizante nem opressor.

-O legalismo é um caldo mortífero que envenena, asfixia e mata as pessoas. Ele é vexatório e massacrante.

-Chegou ao ponto de transformar o que Deus criou para aliviar o homem, o sábado, num tirano cruel.

-Jesus veio para estabelecer sobre nós seu senhorio de amor.

-Agostinho disse que quanto mais servos de Cristo somos, mais livres nos sentimos. Ele é maior do que o templo (Mt 12:6), maior do que Jonas (12:41), maior do que Salomão (12:42) e maior do que o sábado (2:28).


Deus vos abençoe,
Pr. Paulo Tomé

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