Mais um ano que se desvanece, dissipa-se,
extingue-se, desaparece, apaga-se, dissolve-se e com ele vai todo tipo de
emoção vivido: alegrias, tristezas, dores, doenças, perdas, conquistas,
reparações, traições, angús-tias, dissabores, méritos, deméritos, paixões,
amores e uma lista sem fim que poderíamos nomear aqui.
Cada
final de ano serve para uma reavaliação, um exame, um inventário de tudo quanto
fizemos ou deixamos de fazer; coisas para tirar das nossas vidas, coisas para
recolocar, fatos passados que desejamos esquecer, fatos novos que necessitamos
realizar...
Mas
há algumas coisas novas nessa nossa reflexão sobre a vida que não podemos
deixar passar despercebidas. São três olhares que devemos ter neste exato
momento do nosso existir:
a – Um olhar para trás –
fazendo uma retrospectiva da nossa vida, uma contagem dos nossos dias.
b – Um olhar para dentro –
uma introspecção a fim de vasculhar e limpar a alma diante de Deus, uma faxina
com dimensões espirituais.
c – Um olhar para frente –
nossa prospecção, visão projetada, estendida, arrojada, uma visão maior que nos
prepare para o futuro.
Após
esse mergulho retrospectivo, introspectivo e prospectivo, eu devo parar a fim
de entender o que o apóstolo Paulo está falando aos filipenses para uma tomada de
posição com respeito ao futuro que se avizinha diante de nós.
Diante
do que o apóstolo dos gentios me faz enxergar nas entrelinhas do texto que ele
escreveu, inspirado por Deus, posso dizer que há um alvo a ser
perseguido por mim e esse alvo não pode ser eu mesmo. Para tanto,
TRÊS COISAS PRECISO “ESQUECER” PARA
CORRER A CORRIDA DA MINHA EXISTÊNCIA
1) Devo
“esquecer” a mim mesmo pelo alvo que tenho à minha frente.
Paulo está dizendo que para avançar nos propósitos de Deus eu não posso lembrar
de mim. A maioria das pessoas se dedica a Deus parcialmente, por conta dos seus
outros motivos, como sobrevi- vência, ambição, emulação, senso de segurança.
Paulo está nos concla- mando a trocar tudo isso por um “Alvo Elevadíssimo” de
vida: “...alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus”
(Fp 3:12). Para chegar a essa salvação completa não devemos poupar esforços,
até mesmo esquecendo as coisas boas que a vida pode nos proporcionar.
2) Esquecer
o que eu não quero esquecer. Como
esquecer o que eu não quero (e às vezes não consigo) esquecer? Há coisas que
são esquecíveis; outras há, no entanto, que são inesquecíveis. Paulo está
motivado a envolver-se total e completamente com a obra de Deus (sua vocação)
e fará de tudo para chegar ao “prêmio” da sua vocação – a
salvação completa.
3) Esquecer
o que eu preciso deixar no passado. Paulo
deixou muita coisa do seu passado para trás que lhe trazia mágoa, angústia,
desilusão. Por exemplo, ter participado da morte de Estêvão; as igrejas que ele
abria e que eram invadidas por judaizantes que desfaziam tudo que ele ensinava;
igrejas que não prosperaram por problemas conjunturais; traições promovidas por
oficiais da sua confiança; rejeição de algumas igrejas que não respeitavam o
seu apostolado. Eu não posso nunca esquecer quem sou eu e os meus propósitos
diante de Deus para não me tornar apenas alguém magoado, amargurado e
desiludido.
Esses
três esquecimentos me colocam no asfalto da existência diante de três decisões:
TRÊS DECISÕES DEVO TOMAR
PARA CHEGAR AO ALVO
1) Prosseguir
como um alvo-meta da vida (nunca desistir).
Paulo fala sobre duas coisas importantes que o fazem prosseguir:
a). Ele
diz que ainda não alcançou o alvo (a
ressurreição dos mortos). Quem acha que já chegou onde deveria chegar, não consegue
mais nada na vida cristã. A razão é simples: só nos movimentamos por motivação.
Paulo tinha a motivação de querer chegar a experiência de uma salvação
completa.
b). Ele
não é perfeito (Fp 3:12). Paulo não se sentia
“comple- to”. Havia algumas coisas na vida do apóstolo que precisavam de com-
pletude. Ele queria plenitude na sua vocação.
2) Prosseguir (no
grego, é esticar-se, inclinar o corpo para frente, como numa corrida e chegada
final) como se tudo na vida dependesse disso. Este é o
modo de Deus nos fazer descobrir novos horizontes na sua obra: fazendo-nos
prosseguir. Ele disse para Daniel: “Tu, porém, vai até o fim”. Disse
também para Elias, quando este sentiu terminada a sua tarefa como profeta: “E
o anjo do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come,
porque te será muito longo o caminho” (1 Rs 19:7). Reanimou o próprio
apóstolo Paulo quando este foi resistido, blasfemado pelos judeus e por isso
queria sair da cidade de Corinto: “E disse o Senhor em visão a Paulo: Não
temas, mas fala, e não te cales; porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão
de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. E ficou ali um
ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus” (At
18:9-11). Isto porque a ordem de Deus é sempre de prosseguirmos, avançarmos;
nada pode nos parar a não ser nós mesmos ou Deus.
3) Prosseguir
como o “ir avante” da existência. A
maturidade cristã nos ensina que a “vida não é uma corrida de velocidade, e
sim de resistência.” Prosseguir é a palavra de ordem para não nos
embaraçarmos. Assim dizia o grande Nietzsche:
Depois que cansei de procurar aprendi
a encontrar.
Depois que um vento me opôs resistência,
velejo com todos os ventos.
velejo com todos os ventos.
PERORAÇÃO:
Do exposto, só me resta contar-lhes a história de um camundongo medroso, pois retrata a vida de alguns de nós:
Diz uma
antiga fábula que um camundongo vivia angustiado com medo do gato. Um mágico
teve pena dele e o transformou em gato.
Mas aí
ele ficou com medo do cão, por isso o mágico o transformou em cão.
Então,
ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera.
Foi
quando ele se encheu de medo do caçador. A essas alturas, o mágico desistiu.
Transformou-o em camundongo novamente e disse:
“Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque
você tem a coragem de um camundongo”
Deus vos abençoe,
Pr. Paulo Tomé
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